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Reinaldo Martinazzo

Marketing e Imagem Pessoal na Medicina: Como a Reputação Sustenta a Carreira.

“Marketing é uma filosofia de orientação empresarial.”
A frase de Philip Kotler, considerado o papa do marketing, pode parecer abstrata, especialmente para profissionais da saúde. Mas, quando olhada com atenção, ela lança luz sobre um ponto essencial para qualquer médico: a forma como sua imagem é percebida, sustentada e compartilhada.

Em um mercado cada vez mais competitivo e transparente, a reputação se tornou um ativo valioso e frágil ao mesmo tempo. A consulta, o atendimento, o tratamento — tudo isso é importante. Mas o que realmente faz com que um paciente escolha (e permaneça com) um médico vai além do diagnóstico: é a confiança, o cuidado, o vínculo.

O Conceito Ampliado de Marketing: O Que o Cliente Realmente Compra?

Para entender o papel do marketing na construção da imagem profissional, é preciso ir além do senso comum. Um dos exemplos mais elucidativos é o famoso raciocínio de Theodore Levitt: “As pessoas não querem furadeiras. Elas querem buracos na parede.”
Mas a verdade vai além: elas não querem apenas o buraco. Querem pendurar o quadro, decorar a casa, sentir orgulho do ambiente em que vivem.
Ou seja: não compram o objeto. Compram o resultado emocional e simbólico que ele proporciona.

E na medicina?

O paciente não busca apenas uma consulta.
Ele busca clareza, acolhimento, controle, alívio, esperança.
Ele quer se sentir vivo, seguro, respeitado.
Quer saber que sua dor é levada a sério e que sua história importa.
No fundo, ele quer retomar as rédeas da própria vida.

Logo, ao dizer que “médicos não vendem consultas, mas segurança”, estamos nos aproximando do conceito ampliado de marketing. Mas podemos ser ainda mais precisos:

O médico oferece a chance de o paciente viver com dignidade, autonomia e qualidade.
Essa é a verdadeira entrega. Essa é a essência do valor percebido.

Ética e Reputação: Os Pilares da Imagem Pessoal

Em tempos de redes sociais, grupos de WhatsApp e avaliações públicas, reputação se tornou algo tão exposto quanto volátil.
Você pode construí-la em décadas — e perdê-la em segundos.

“Ética não é opção. É estrutura.”

Essa frase resume a lógica inegociável de quem atua em profissões baseadas na confiança.
Reputação não é o que você diz sobre si mesmo.
É o que os outros dizem quando você não está presente.
É o rastro invisível que sua conduta deixa na memória alheia.

E aqui entra o ponto central: marketing de imagem pessoal não se constrói com maquiagem. Se constrói com coerência.
O que você faz, diz, compartilha e representa precisa estar em sinergia com o que você acredita e entrega.

Marketing de Relacionamento: Quando o Paciente Vira Porta-Voz

Quantas vezes um médico já ouviu:

“Me indicaram o senhor com tanto entusiasmo que resolvi vir.”
Esse é um dos efeitos mais poderosos do marketing: a recomendação espontânea que nasce da experiência vivida.

“Reputação se comunica sozinha. E quando a experiência é memorável, o próprio cliente vira uma peça fundamental para tornar o seu marketing mais eficaz.”

Publiquei um artigo onde denomino esse tipo de cliente como cliente evangelizador” — aquele que compartilha, defende e recomenda o seu serviço porque acredita em você.

“Médicos não vendem atendimentos. Vendem confiança, alívio e sentido de continuidade para a vida.”

Frases que Provocam. Reflexões que Ficam.

Enquanto estruturava a palestra, optei por lançar frases que instigassem a reflexão e, por vezes, o desconforto – terreno fértil para o aprendizado real. Espero que continuem ecoando por algum tempo:

  • “Imagem pessoal não é sobre parecer impecável. É sobre ser confiável.”
  • “Na era digital, sua reputação está a um print de distância.”
  • “Você é o que você entrega — mas também o que os outros percebem do que você entrega.”
  • “A reputação é como o cristal: as trincas são invisíveis… até que ele se parte.”

Um Convite à Coerência

Marketing, quando bem compreendido, não é autopromoção. É percepção de valor sustentada pela verdade.
E a imagem pessoal é o espelho de uma jornada ética, cuidadosa e coerente.

Para encerrar, deixo uma pergunta intrigante:

Se a sua reputação fosse uma marca… qual seria o seu slogan?

Quantas empresas que você conhece resistiriam a 500 anos de sucessões sem perder o rumo? A maioria mal sobrevive à troca de uma geração. A Beretta, fundada em 1526, atravessou 15 gerações e segue crescendo — porque entendeu algo que muitos ainda ignoram: herança não é direito, é responsabilidade. E o mérito, quando bem cultivado, é o verdadeiro testamento corporativo.
Há líderes que sufocam pela presença excessiva — e outros que ferem pela ausência disfarçada de liberdade. No meio desse paradoxo silencioso nasce o ghosting organizacional: o fenômeno de quem está fisicamente presente, mas emocionalmente ausente. Proponho uma reflexão sobre o que acontece quando o silêncio do líder faz mais barulho que suas palavras.
Num tempo em que algoritmos aprendem mais rápido que pessoas, a verdadeira vantagem humana não está na velocidade, mas na percepção. A Inteligência Situacional é o contraponto à Inteligência Artificial: enquanto as máquinas processam dados, nós processamos sentidos. E é nessa sutileza — entre o cálculo e o discernimento — que se revela o que nenhuma tecnologia consegue reproduzir: a sabedoria de compreender o contexto antes de agir.
Em tempos de excesso de informação e escassez de sensibilidade, a verdadeira inteligência não está apenas em pensar bem, mas em perceber melhor. A inteligência situacional é a capacidade de ler o ambiente, captar sutilezas e agir com lucidez diante do que se apresenta. É o ponto em que razão e emoção se encontram — e onde a mentoria revela seu maior poder: preparar mentes e corações para compreender o contexto antes de transformá-lo.