A década de 1980 ficou marcada por uma série de transformações responsáveis por alterar de forma significativa a ideologia e as relações pessoais entre os grupos de jovens e adultos. Uma geração de jovens executivos, donos de um perfil dinâmico e ambicioso logo começou a marcar presença no mundo corporativo. Geralmente bem remunerados, foram denominados de Yuppies “Young Urban Professional“.
Chegava ao mercado uma leva de profissionais bem formados e determinados, que a exemplo do que ocorria nos Estados Unidos, por aqui também eram conhecidos por seu estilo de vida luxuoso e consumista, buscando sempre sucesso profissional e ascensão social. Se vestiam com distinção, usando roupas, perfumes e acessórios de grife, dirigiam carros esportivos ou vistosas motocicletas, não dispensavam um Rolex no pulso, uma Montblanc bem à vista no bolso do casaco, além de uma agenda eletrônica e um Sony Walkman como companhia indispensável nas caminhadas com seu par de Nike.
Convivi com alguns estereótipos, que mesmo portando o kit completo, e inundando os ambientes por onde passavam com o seu perfume marcante, tinham a cabeça rasa. Passei a identifica-los como portadores de “Eficácia Aparente”. De fato, nada mais poderíamos exigir deles, além do famoso Physique du rôle, que em bom português significa que o indivíduo tem a aparência apropriada, o que, convenhamos, não ultrapassa a barreira do simples bom começo.
Conheci algumas dessas figuras na publicidade e em veículos de comunicação. Entendiam eles que uma Estratégia de Marketing obrigatoriamente estaria associada a uma “sacada publicitária” com uma bela frase de efeito. Na verdade, não passavam de uma espécie de “Bozó”, personagem dos anos 90 do saudoso Chico Anísio que gostava de exibir o seu crachá dizendo que trabalhava na Globo.
Normalmente donos de linguajar rebuscado, abusam das expressões oriundas da língua inglesa mesmo naquelas situações onde a versão em português certamente seria bem mais adequada – target X público-alvo. A fórmula resistiu o passar dos anos e ainda hoje é utilizada para impactar os desavisados recrutadores que fazem seleção para a área de Marketing, e se rendem admirados ao ter a sensação de que estão diante de uma sumidade capaz de desenhar grandes estratégias vencedoras. A verdade é que muitas vezes mal sabem definir o que realmente querem, ressoando essa ineficiência no mundo corporativo.
O impacto da “Eficácia Aparente” nas Organizações.
A boa notícia é que isso tem solução e podemos facilmente identificar tais fenômenos. Fique atento a profissionais que investem muito mais na construção de uma imagem de sucesso do que no desenvolvimento de competências efetivas. Sem realizações, tentam projetar uma aura de autoridade e competência, mas se confrontados com desafios reais, sua falta de profundidade e expertise se torna evidente.
A “Eficácia Aparente” representa um desafio significativo para as organizações modernas. Em tempos onde a competitividade é intensa e as mudanças são constantes, depender de profissionais com pouca vivência, formação rasa e alcance limitado pode ser um erro fatal, uma vez que certamente comprometerão pontos fundamentais da organização:
· Cultura Corporativa: ao promoverem valores superficiais e priorizarem a forma em detrimento do conteúdo, além de comprometer a eficiência operacional, também acabam afetando a reputação da organização no longo prazo.
Clientes, parceiros e stakeholders podem perceber a falta de resultados concretos, podendo começar a questionar a credibilidade e a competência da organização como um todo;
· Inovação e Estratégia Corporativa: a verdadeira inovação requer uma compreensão profunda do mercado, das necessidades dos clientes e das tendências emergentes, algo que profissionais superficiais não podem ser capazes de oferecer.
Da mesma forma, a definição de estratégias eficazes exige uma análise crítica e uma capacidade de adaptação que vai além da simples retórica ou da aparência de competência.
Para combater os efeitos negativos da “Eficácia Aparente”, as organizações devem promover uma cultura de autenticidade e excelência. Isso envolve valorizar não apenas a aparência externa, mas também o conhecimento profundo, a habilidade de resolver problemas e a capacidade demonstrada de produzir resultados mensuráveis. Os processos de recrutamento e desenvolvimento de talentos devem focar em identificar e cultivar profissionais que não apenas parecem competentes, mas que realmente são capazes de contribuir de maneira significativa para os objetivos da organização.
Não deixe esse tipo de fenômeno afetar o futuro da sua empresa. Valorize a competência real e construa uma base sólida de profissionais capazes de levar a sua organização ao próximo nível. Se você necessita de apoio para identificar e mitigar efeitos desse fenômeno, conte conosco. Temos mecanismos para ajudar a cultivar uma cultura de verdadeira excelência, onde a competência real e a integridade são valorizadas acima de tudo, protegendo a reputação da sua empresa enquanto é conduzida de forma segura para o ambiente competitivo em constante mutação.
Pense nisso e tome as ações necessárias para garantir que a competência real prevaleça em sua organização.
Reinaldo Martinazzo
Administrador e Mestre em Administração. Profissional de Marketing com mais de 40 anos de vivência no mundo corporativo. Professor, Palestrante, Consultor, Mentor e Conselheiro na área de Marketing.