Todos os administradores sabem que o alinhamento organizacional assume importância fundamental no processo de gestão empresarial. O bom alinhamento permite criar uma organização onde a descontinuidade e a sobreposição dão lugar à sinergia, e esta sim, é capaz de oferecer uma vantagem competitiva interessante para as corporações.
Nas muitas vezes que apresentei esta imagem e provoquei perguntando se percebiam alguma coisa errada, algumas vezes ouvi uma resposta tímida: “Sim, claro, um trilho.” Mas quando provocados um pouco mais e consequentemente a refletir melhor, entendiam que fica difícil errar apenas um trilho. E aí, como em um passe de mágica, percebiam tudo que estava atrás de uma imagem inocente e que retrata o cotidiano de muitas organizações:
- Diretores investem precioso tempo na busca dos erros e na caça dos culpados ao invés de se concentrar no desenvolvimento de ações estratégicas construtivas;
- Fim de linha, a máquina fica parada enquanto aguarda soluções para problemas que poderiam ter sido evitados;
- Diante de tal situação, um compreensível desânimo toma conta do time, que ansiosamente aguarda pelo vencedor do embate na expectativa de poder contar com definições claras e construtivas, capazes de oferecer uma visão de futuro promissor; e
- As ferramentas, por melhores e mais eficientes que sejam, ficam aí, largadas, sem utilidade, pois sequer se sabe onde serão empregadas e para que servem.
Essa metáfora ilustra de forma clara como o desalinhamento pode paralisar uma organização que paradoxalmente continua a ter a sensação de que está andando a mil. Mal compreendem que a questão não reside apenas na identificação de um erro que poderia ter sido evitado, mas sim entender o impacto sistêmico que a paralisação causa. Cada elemento da organização deve estar em harmonia para garantir que a “máquina” continue funcionando de maneira eficiente para alcançar a tão sonhada Sinergia Organizacional.
Para alcançá-la, é necessário que todos os departamentos e colaboradores estejam alinhados com os objetivos e a visão da empresa. Isso envolve processos bem definidos, comunicação clara e uma cultura organizacional que valorize a integração, a colaboração e a inovação. A ausência de alinhamento pode levar à perda de eficiência, ao desperdício de recursos e à desmotivação dos funcionários.
Responsabilidade da Liderança
Mas quem é o grande responsável por tais resultados? A resposta é óbvia: aqueles que lideram têm em suas mãos a responsabilidade, não só pela condução, mas principalmente pelos resultados. Líderes eficazes devem promover um ambiente de colaboração e integração, estabelecendo processos claros e comunicando a visão da empresa de forma que todos os colaboradores compreendam e compartilhem dos mesmos objetivos. Líderes fracos ou procrastinadores são incapazes de construir times fortes, pois não conseguem inspirar, motivar e direcionar suas equipes de maneira eficaz. Coordenam ao sabor das emoções gerando disputas desnecessárias que em muito contribuem para a degradação dos valores individuais, sufocando a formação de um time coeso.
Um exemplo notável de liderança inspiradora e transformadora é Steve Jobs. Jobs não só mudou a trajetória da Apple, mas também influenciou paradigmas em todo o mercado. Ele não apenas se preocupava com o design externo dos produtos, mas também com todos os detalhes que impactavam a experiência do usuário, como fontes e tipos de letras. Ele entendia que o impacto do produto não terminava na aparência, mas também naquilo que o usuário experimentava. Jobs exerceu uma liderança baseada na empatia, colocando-se na pele de quem compraria os seus produtos para garantir que cada detalhe proporcionasse uma experiência memorável e significativa.
A Visão Holística no Marketing
Em Marketing, o princípio do alinhamento é simplesmente indispensável. Se quisermos obter sucesso na nossa estratégia, não podemos deixar de considerar a possibilidade de enxergar o Marketing de forma abrangente, considerando fazer uso de todas as ferramentas disponíveis. O Marketing não deve ser visto apenas como uma função isolada (escondida em um departamento, ou fazendo propaganda como muitos imaginam), mas sim, como indispensável parte integrada da estratégia organizacional, que começa no diagnóstico bem feito, passa pelo desenvolvimento e implementação de programas e processos que fazem parte da atividade de marketing em toda a sua amplitude e interdependências.
Philip Kotler sintetizou os conceitos de Marketing e de Administração de Marketing em uma única expressão: “é uma filosofia de orientação empresarial”. Sempre tive claro que o grande executivo de Marketing de uma organização é o seu principal executivo, pois é dele que deve emanar toda a orientação estratégica, o exemplo a ser seguido. Por óbvio ele deve ser orientado pelos mais capazes profissionais de marketing. Profissionais que dominam os conceitos de gestão e de marketing e que sobretudo tenham uma visão holística do processo organizacional como um todo, sendo capazes de enxergar o futuro que parece invisível aos demais.
Steve Jobs personificou o que de fato representa uma visão holística no marketing. Ele integrou hardware e software de forma perfeita, criando uma experiência coesa para os usuários. Jobs também transformou os modelos de negócios com a introdução da iTunes Store e da App Store, redefinindo a distribuição e monetização de música e aplicações. Seu enfoque no usuário e sua habilidade de contar histórias através do marketing criaram uma nova maneira de pensar sobre produtos tecnológicos e sua comercialização.
Deve existir, por parte da organização, o reconhecimento de que no marketing tudo é importante, da mesma forma que ele é igualmente importante para construir as pontes que levarão a empresa para o futuro. Eis a razão pela qual uma perspectiva abrangente e integrada se faz necessária.
Assim como um trem precisa de trilhos alinhados para seguir em frente, uma organização precisa de alinhamento entre seus departamentos e colaboradores para alcançar a sinergia. No Marketing, uma visão holística e integrada é essencial para garantir o sucesso das estratégias e a satisfação do cliente. As ferramentas estão disponíveis, mas só serão eficazes se usadas de forma coordenada e alinhada com os objetivos e propósitos da organização.
Se você se identificou com este texto e entende que está na hora de fazer um realinhamento, traga o seu problema para conversar conosco.
Reinaldo Martinazzo