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Reinaldo Martinazzo

A Fábula dos Porcos Assados e os Desvios da Gestão Moderna.

Durante muito tempo, a fábula dos porcos assados foi contada como uma metáfora simples, mas impactante, sobre a ausência de bom senso. Conta-se que, ao presenciar um incêndio acidental em uma floresta, os homens descobriram que a carne dos porcos queimados pelo fogo ficava mais saborosa do que crua. Diante disso, passaram a incendiar bosques sempre que desejavam saborear carne assada.

No começo, a estratégia parecia funcionar — afinal, o resultado agradava mais ao paladar. Mas logo surgiram os problemas: ora a carne ficava crua, ora torrada demais, e em algumas ocasiões, os porcos nem estavam nos lugares certos. Então, vieram as reuniões, os planos de ação, as diretorias para tratar da disciplina dos porcos, os comitês para estudar as variáveis do clima, os departamentos de controle de fumaça, e até a criação de manuais sobre o ponto ideal do assamento espontâneo. Enfim, um sistema inteiro foi montado… sobre uma base irracional.

A solução só começou a surgir quando alguém ousou romper com o modelo vigente e propôs algo impensável até então: não incendiar mais a floresta, mas criar um forno. Essa foi a verdadeira ruptura. Um gesto disruptivo que mudou completamente a lógica do processo.

Infelizmente, esse tipo de história não está distante da realidade de muitas organizações.

Quando Falta Diagnóstico, Sobra Incêndio

Empresas que não fazem um diagnóstico adequado de suas realidades acabam tomando decisões baseadas em percepções equivocadas, dados frágeis ou, pior ainda, em modismos gerenciais que nada têm a ver com seus verdadeiros desafios. É o início de uma trilha perigosa — quanto mais se investe em soluções desenhadas sobre uma análise errada, mais se afasta do propósito original e mais difícil se torna corrigir o rumo.

É por isso que o ponto de partida precisa ser um olhar honesto e profundo sobre a organização. Um diagnóstico preciso é mais do que uma análise técnica: é um exercício de lucidez. Sem isso, qualquer planejamento, por mais elaborado que seja, corre o risco de virar fumaça.

Sistemas Complexos Podem Mascarar Soluções Simples

A fábula nos mostra como a busca por racionalidade em cima de um erro inicial pode levar a sistemas absurdamente complexos — e disfuncionais. Muitas vezes, quanto maior a estrutura criada para resolver um problema, mais difícil se torna enxergar sua real origem. E assim, o fogo continua sendo aceso, floresta após floresta, enquanto o método eficiente e sustentável nunca é alcançado.

Na prática, isso significa que boas técnicas — como metodologias ágeis, análise de dados, design thinking ou OKRs — podem falhar quando aplicadas fora de contexto ou sem um propósito claro. A ferramenta não salva o gestor desatento. O método não substitui a consciência.

O Propósito Como Norte e a Sinergia Como Caminho

Em vez de apenas apagar incêndios ou repetir velhos rituais, as organizações precisam caminhar a partir de um propósito bem definido. Propósito, aqui, não é um enfeite de discurso institucional, mas o verdadeiro norte que guia decisões, estrutura ações e inspira pessoas. É ele quem dá coerência às escolhas e evita que a empresa desperdice energia com processos sem sentido.

Quando propósito, objetivos estratégicos e processos estão alinhados, surge a sinergia organizacional — aquela força invisível que potencializa os talentos individuais e transforma o coletivo em algo muito maior. É quando o marketing deixa de ser apenas comunicação e passa a ser estratégia, cuidando do posicionamento da marca, das experiências proporcionadas e da coerência entre o que se promete e o que se entrega.

Visão Holística e Disrupção: Ver o Todo Para Agir no Presente

A visão holística é o antídoto para a miopia gerencial. Quando a liderança consegue enxergar a organização como um organismo vivo — com cultura, identidade, valores e ritmos próprios — fica mais fácil projetar o futuro com solidez e tomar decisões mais equilibradas no presente.

Organizações verdadeiramente inovadoras não têm medo de desafiar velhas fórmulas. Elas entendem que, muitas vezes, o que precisa ser feito não é “aperfeiçoar o incêndio”, mas sim abandonar a prática por completo e desenhar uma nova abordagem. Isso é agir com visão de futuro. Isso é ser disruptivo.

Comparar-se aos concorrentes, sim, mas sem perder a autenticidade. Usar dados, sim, mas com discernimento. Planejar, sim, mas com flexibilidade e responsabilidade.

Para Refletir

Será que não estamos, hoje, em muitas empresas, incendiando florestas desnecessariamente para obter resultados que poderiam ser alcançados com inteligência, diagnóstico e propósito?

Ser disruptivo não é destruir por destruir, mas parar de repetir fórmulas gastas e criar novas soluções que façam sentido. Incendiar florestas pode até ter funcionado um dia. Mas o futuro pertence a quem tem coragem de construir o forno.

A boa gestão não precisa de pirotecnia. Precisa de lucidez, método, visão e um propósito claro que una as pessoas em torno de algo maior.

Se a sua organização está cansada de apagar incêndios e quer trilhar um caminho mais estratégico e sustentável, conte com a Vitória Marketing para pensar junto. Porque bons resultados não nascem do acaso — eles nascem do alinhamento entre pensamento, ação e propósito.

Reinaldo Martinazzo

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