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Reinaldo Martinazzo

O “Efeito Rosenhan” da Liderança: Quando o Rótulo Ofusca a Realidade.

Em 1973, o psicólogo David Rosenhan realizou um experimento que abalou a psiquiatria. Voluntários saudáveis se passaram por pacientes em hospitais psiquiátricos, e, após receberem diagnósticos, cada gesto comum — ser educado, escrever anotações, andar pelos corredores — foi interpretado como sintoma de doença mental. Médicos e enfermeiros não perceberam a farsa. Apenas os verdadeiros pacientes notaram que havia algo errado.
Esse fenômeno ficou conhecido como Efeito Rosenhan e mostrou como rótulos podem distorcer a percepção da realidade.

Mas se ele expôs uma fragilidade da psiquiatria, talvez possamos levar a lição a outro campo: a liderança.

O Rótulo na Gestão de Pessoas

No ambiente corporativo, líderes também caem na armadilha do rótulo.
Basta um colaborador ser classificado como “problemático”, “difícil” ou “desmotivado” para que todos os seus comportamentos passem a ser interpretados sob essa lente. O contrário também acontece: ao eleger um “estrela”, o líder pode superestimar pequenas entregas e ignorar fragilidades.

O resultado é uma liderança enviesada, que deixa de enxergar o indivíduo em sua totalidade e passa a ver apenas o reflexo de sua própria crença. É a versão corporativa do Efeito Rosenhan.

As Consequências

Essa miopia de gestão pode ter efeitos devastadores:

  • Desmotivação e desengajamento: colaboradores percebem rapidamente quando já estão “carimbados” e deixam de se esforçar.
  • Perda de talentos: profissionais buscam ambientes nos quais sejam reconhecidos com justiça e respeito.
  • Decisões equivocadas: promoções, demissões e atribuições baseadas em rótulos, não em fatos, comprometem resultados.

Assim como no experimento, a realidade se impõe: quem sofre com os efeitos não é apenas o colaborador, mas toda a equipe e, em última instância, a própria organização.

O Antídoto: Escuta, Empatia e Revisão de Julgamentos

O experimento de Rosenhan nos lembra que diagnósticos não podem substituir a escuta atenta e a observação genuína.
Na liderança, o caminho é semelhante:

  • Praticar a escuta ativa: ouvir sem pré-julgamentos, buscando compreender antes de concluir.
  • Revisitar percepções: questionar rótulos criados no passado e observar se ainda fazem sentido.
  • Valorizar múltiplos olhares: envolver a equipe, pedir feedbacks, ampliar a visão além da própria lente.
  • Reconhecer a individualidade: cada colaborador é único e deve ser visto em sua trajetória, e não apenas em um episódio isolado.

O Efeito Rosenhan da Liderança nos alerta para um risco silencioso: quando o líder rotula, ele deixa de liderar.
O verdadeiro papel da liderança é enxergar além das aparências, cultivar empatia e criar um ambiente onde cada pessoa seja avaliada pelo que realmente é e pelo que pode se tornar.
No fim, liderar não é rotular. É libertar o potencial.

A estética não é frescura — é estratégia. Quando líderes aprovam o “bonitinho” em lugar do alinhado, quando briefings são pobres e a criação se rende ao imediatismo das redes sociais, a comunicação começa a ruir. Esse desgaste é lento, quase invisível, mas compromete o posicionamento e joga a marca no que chamo de inferno no branding. Sua comunicação está protegendo a sua marca ou acelerando a sua corrosão?
Efeito Rosenhan da Liderança: assim como no experimento que mostrou como rótulos distorcem a realidade na psiquiatria, muitos líderes também caem na armadilha de enxergar seus colaboradores apenas pelo “carimbo” que lhes deram. Quando isso acontece, não se vê talento, potencial ou evolução — apenas o reflexo de um preconceito. Liderar não é rotular. É libertar.
A pressa disfarçada de agilidade é uma velha armadilha corporativa. Ela promete resultados rápidos, mas entrega retrabalho, desgaste e cicatrizes que custam caro para apagar. Você está correndo preparado ou apenas correndo para tropeçar?
Empresas digitais, clientes frios, colaboradores desmotivados. O que falta? Gente. A Gestão 5.0 só fará sentido quando colocar pessoas no centro — com liderança capaz de transformar o conflito geracional em potência. Caso contrário, quem vai ditar o futuro das organizações não são líderes, mas algoritmos.